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Democracia ou plutocracia?
Precisamos de um novo caminho.
Somente pelo perdão completo e profundo e pela completa e profunda adesão ao bem romperemos a cadeia de violências de parte a parte e o milenar encadeamento de vítimas e algozes, algozes e vítimas. De todo modo, trataremos de assuntos muito terra-a-terra, na busca de contribuir para um novo modo de vivermos no planeta.
A mediocridade da proposta em vigor é insuperável:
1. Provocaremos "crises" a todo momento, que sempre terminarão com desemprego e miséria para as pessoas comuns e prêmios trilhonários em dinheiro vivo para especuladores e banqueiros, que são, invariavelmente, os construtores meticulosos das referidas "crises". Os governos, comandados por políticos sempre financiados por estes cavalheiros, obedientemente lhes repassarão o suado dinheiro da multidão contribuinte.
2. Deflagraremos guerras cada vez mais violentas e perigosas, todas por petróleo e (mais uma vez) pelo dinheiro do contribuinte, até que os agredidos se fartem e se unam em torno de alguma liderança suficientemente armada e temerária e partam para uma guerra de dimensões apocalípticas. Não é preciso ser Nostradamus para antever isto...
3. Os meios de comunicação de massa, financiados pelos grandes bancos e pelos grandes conglomerados empresariais, continuarão estimulando o consumo mais irrefreável e irresponsável, até que não pare uma árvore em pé e consequentemente entremos num ciclo de guerras insanas igualmente, pela água.
4. Os países serão crescentemente levados ao endividamento, coisa absolutamente desnecessária, como já demonstrava Benjamin Franklin (1), serão crescentemente governados por agências de especuladores e banqueiros que determinam sua capacidade de honrar seus compromissos e o nível dos juros que devem pagar para "captar recursos privados", estes "recursos privados" também absolutamente desnecessários (2), e especialmente infelizes daqueles que abriram mão de sua moeda nacional, como os pobretões da europa que aderiram pouco refletidamente ao Euro (3).
Antes de desenvolvermos isto:
A fala de Barak Obama, da Casa Branca, pouco antes do ataque à Líbia, afirmando que tropas norte-americanas não seriam enviadas mas que ele (o disse literalmente diante das câmeras de tv de todo o mundo) não controlava a Agência Central de Inteligência, foi mais que um sinal verde para agressão ao regime, de resto nada simpático do Cel. Kadafi. Tivemos alí mais uma agressão internacional e mais um golpe de estado de tantos promovidos por setores determinados da sociedade norte-americana, como o do Brasil em 1964, o do Chile em 1973 e tantos, mas tantos outros mesmo, destinados a derrubar governos e a impor os interesses internacionais capitaneados por estes referidos setores norte-americanos (4).
É interessante observar que bastou que o presidente perdesse a maioria no Congresso para que começassem os arranjos com os Republicanos e desembocássemos na agressão à Líbia, que do ponto de vista do direito internacional é uma aberração, e na chamada "primavera (do petróleo) árabe".
Diga-se de passagem, grande parte destes golpes do passado foram comandados por George Bush, o pai, (Quando no comando da CIA) responsável também pela instalação de inumeráveis centros de tortura pelo mundo afora, de modo que saindo o filho de uma primeira eleição eivada de irregularidades e com a popularidade em vôo rasante, não é de estranhar que muita gente duvide da autoria do atentado às torres gêmeas, que levantaram os números do herdeiro e o transformaram no queridinho das forças armadas, uma espécie de moderno César das legiões.
O que nos interessa de verdade, entretanto, é que o que a mídia e nós próprios chamamos de democracia, em todo o planeta, é, de fato plutocracia, governo do dinheiro, em que os conglomerados e as grandes empresas elegem os políticos que depois vão governar as nações, com tanto menos apreço pelas populações, quanto menos educadas e organizadas estas forem.
Enquanto os regimes forem assim democracias de fachada, movidas a grana, não teremos paz, nem verdadeiro progresso.
A guerra, como todos sabem, é um grande negócio, desde que não aconteça em nossa casa e que tampouco precisemos investir um filho ou dois. Claro, isto é para os pobres...Os muito ricos vendem armamento e equipamento para o governo, quem paga é o contribuinte e quanto mais demorar a guerra, para estes vampiros, melhor.
Precisamos reinventar a democracia de modo que o voto deixe de ter relação com o dinheiro dos grandes grupos e passe a tê-la com as propostas dos candidatos. Horários gratuitos para divulgação pela tv, como no Brasil, e o mesmo pode ser feito pela internet. Nada de financiamento de campanha: nem publico nem privado. Mais que isto: as modernas ferramentas da telemática permitem perfeitamente que a cidadania participe diretamente da elaboração e da execução orçamentária e de todas as decisões que envolvam recursos públicos. Assim teremos nossos parlamentares, executivos e magistrados sob o direto acompanhamento da população. Muita barbaridade deixará de ser cometida, com certeza.
Uma democracia verdadeira como a que esboçamos, ademais, tornará muito mais próximo um governo mundial policêntrico, justo e pacífico e nos afastará deste império da especulação e da agiotagem que temos hoje.
Entretanto, a policultura, os sistemas agroflorestais regenerativos análogos de Ernst Götsch (4) reconstroem o meio-ambiente, produzem prosperidade no campo e abundância e bons preços na cidade. A floresta em pé vale muito mais que o soja ou que o gado, porém, sem um envolvimento profundo das universidades e dos ministérios de ciência e tecnologia, os empreendedores, em sua desinformação assustadora, continuarão arrasando tesouros para conseguir migalhas, em brutal prejuízo, ademais, de toda a humanidade.
Os meios de comunicação de massa, principais disseminadores de valor, em nossos tempos, prisioneiros do financiamento advindo dos anunciantes, continuarão estimulando o consumo mais inconsequente e deplorável, determinando a continuação e a aceleração do processo de devastação do meio-ambiente e de extinção velocíssima das espécies animais.
É bom lembrar que a cada novo golpe desde aquele de 1964, no Brasil, antes dele inclusive, passando por tantas outros em todos os continentes, até ao Iraque e recentemente à Líbia, o golpe ou a guerra tratou de consolidar localmente o poder do chamado bloco internacional, hoje mais visível que nunca, numa conjugação nada tímida de finanças e de armas, criando muitas vezes, porém, ao intervir nas raízes locais, histórico-culturais do poder, crescentes zonas de instabilidade.
Mencionemos também países que como a Rússia, a China, o Brasil e a África do Sul, mesmo muito dependentes do referido bloco, lutam por criar suas próprias áreas de influência.
O Brasil, para exemplificar, vive a ambígua situação de desenvolver-se algo espetacularmente, mesmo sem um plano de desenvolvimento consistente, ou ações de desenvolvimento realmente significativas, ao mesmo tempo em que compra seu relativo sossego por cerca de metade de seu orçamento anual, em juros e outros encargos de uma famosa dívida pública jamais auditada, salvo sob Getúlio Vargas, e absolutamente desnecessária, senão da perspectiva das grandes finanças internacionais, que fazem convergir para os verdadeiros centros do sistema, Wall Street e principalmente a City de Londres, ( Armindo Abreu, “O Poder Secreto”) somas absurdamente altas dos países "endividados".
Não faria mal à equipe de nossa presidente Dilma Roussef, a leitura do magnífico "América do Sul, Integração e Infraestrutura", da Capax Dei, organizado por meu amigo Darc Costa.
Como alcançar a democracia verdadeira que propugnamos? Como desviar a comunicação de massa deste caminho do consumo insano que devora o planeta, se ela é financiada por quem produz bens e para tanto devasta o meio-ambiente? Como disseminar outros valores e reorganizar a economia em torno de bens e serviços que não liquidem o planeta que habitamos?
Na resposta a estas perguntas, que serão encontradas apenas coletivamente, reside a sobrevivência da espécie, que, aqui entre nós, não faria nenhuma falta à Terra, muito pelo contrário. Nós "somos" a sexta grande onda de extinção de espécies, na história da vida no planeta.
(1) Em seu pequeno (quase um panfleto) "Modesta Investigação Sobre A Natureza E Necessidade Do Papel-Moeda, em 1729, o jovem mas já respeitado Ben Franklin explicava que não havia sentido em pedir libras emprestadas aos agiotas ingleses para lubrificar a expansão da economia das colônias, onde se trocava mercadorias por mercadorias, tal a escassez de papel-moeda. Lembrava que papel-moeda é só papel impresso e que eles mesmos, os colonos, poderiam imprimí-lo. Foi o que aconteceu e para arrematar, na gráfica do próprio Benjamin, que com o tempo tornou-se muito rico.
(2) A balela da "captação de recursos privados" para financiar estados nacionais, foi reinventada pela turminha brava do "Consenso de Washington" e imposta aos países débeis demais para rejeitá-la, como foi o caso do Brasil do senhor Fernando Henrique Cardoso e de tantas outras pobres pátrias. Que sentido pode haver em tomar papel moeda nacional emprestado, se não só os estados soberanos podem emití-lo, como também, e talvez principalmente, haverá que devolvê-lo a seus donos com juros escorchantes? A emissão, desde que proporcional à expansão da produção real, não causará dano algum, como atestará qualquer economista sério.
(3) As infelizes nações que abriram mão de sua moeda nacional em benefício do Euro, hipnotizadas pela quimera de umas sobras da prosperidade européia, perderam totalmente a capacidade de manobrar no que tange aos dois asteriscos anteriores e ficaram completamente na mão do BC europeu, fundamentalmente controlado pela Alemanha e esta pelas famílias banqueiras multiseculares da City (Armindo Abreu, O Poder Secreto).
(4) Podemos dizer, sem medo de errar e sem provocações, mas com frieza documentada (Armindo Abreu, O Poder Secreto e Reneé Armand Dreyfus, A Conquista do Estado), que os mencionados setores da sociedade norte-americana, não são "O Império" propriamente dito, e sim sua guarda pretoriana, com seus aliados conhecidos. O verdadeiro Império são famílias banqueiras multi-seculares, que governam o mundo discretamente, da City de Londres.
(5) O principal livro a relatar as ações extraordinárias, práticas e eruditas de Ernst Götsch, na agricultura, "Agricultura e Floresta, Uma Interação Vital", de Jorge Vivan, está literalmente desaparecido. Há, entretanto, muito material sobre Götsch na internet, inclusive a Apostila Sistemas Agroflorestais, de Marcelle Nardele e Igor Conde, que é concisa e excelente.